segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quem é Varginha?




Foto do site Observatório do esporte

130 anos e cerca de 130 mil habitantes, o binômio idade-população aponta um desafio: quem é Varginha? Se quisermos uma resposta fiel à pergunta é preciso reconhecer sua complexidade. O que tem em comum uma família varginhense do bairro São Geraldo com uma família do bairro Santana? Qual é o principal cartão postal da cidade? Sua atividade econômica predominante? A essência do turismo municipal? Sua principal influência regional? O ponto forte da arte local? São perguntas que, mesmo aparentemente simples, poderiam causar embaraço tanto a suposta família do bairro São Geraldo quanto à do bairro Santana. Por quê?

Se olharmos a cronografia histórica de Varginha é fácil identificar, sem dificuldades, que desde sempre a cidade se inclinou ao crescimento. Sendo assim, é mister o questionamento: se o crescimento era evidente porque não nos preparamos? Hoje temos desafios poderosos, muitos dos quais não temos estrutura para enfrentar. É o caso do trânsito que atualmente passa por readaptações. Uma questão envolvida com todas as anteriores, capaz de ajudar a compreendê-las: existe uma cultura genuinamente varginhense? Qual é? Varginha tem um estádio municipal compatível com grandes eventos, esportivos e diversos, contudo não é utilizado em seu pleno potencial. Varginha contou com um cinema que seria destaque em qualquer lugar do mundo, há muito está fechado. Varginha tem um dos maiores parques florestais urbanos do país, fechado. Varginha tem um contingente de praças considerável, muitas abandonadas. Existe em Varginha uma concha acústica que acompanha o maior e mais belo conjunto de praças centrais do sul de minas, pouco utilizada. Isso só para ficar no que existe, pois se entrarmos nas obras não concluídas teríamos mais exemplos. Por trás de obras monumentais e simbólicas uma característica comum da cultura política da cidade: falta de planejamento integrado. Pensar que um estádio envolve agremiações esportivas, associações comerciais, secretaria de turismo, esporte, promoção social, educação, cultura e outras, pressupõe envolver um conjunto de iniciativas capazes de mobilizar o orgulho e utilização coletiva do bem público. Nesta lógica, a mesma fórmula se aplica aos outros exemplos.

Aí se descortina a arquitetura cultural fragmentada da cidade que desconsiderou seu próprio crescimento e hoje se mostra estagnada em um ponto intermediário entre um passado saudoso e um futuro desajustado. Não se trata de promover uma caça às bruxas, apontando este ou aquele como responsável pela condição de desinteresse coletivo observado na população. É hora de pensarmos coletivamente a fim de explorar todas as possibilidades de afirmação de uma cidade que almeja um futuro sustentável e de bem estar social. A vontade coletiva, o senso de pertencimento, a efetiva participação está condicionada a uma comunicação direta, sem discursos de palanque e falácias eleitoreiras. Existe claramente uma demanda de se pensar a cidade através da própria cidade: seus habitantes.

Quando você pensa em Varginha qual é a primeira imagem que lhe surge na cabeça? Se a resposta lhe sugerir um problema, é porque precisamos discutir soluções. É para estas soluções que precisamos de um debate aberto e abrangente, envolvendo toda sociedade civil em seus múltiplos desdobramentos. O Ecoetrix Parquescola está aberto ao diálogo e se posiciona pretensiosamente como um centro sociocultural acessível e disposto a crescer com e para Varginha, com e para as famílias do bairro São Geraldo e Santana, bem como todas as famílias Varginhenses. Quem é Varginha? Precisamos descobrir. 

Texto-Wender Reis, 25 – Pedagogo do Ecoetrix Parquescola

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