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Foto do site Observatório do esporte |
130 anos e cerca de 130 mil habitantes, o binômio
idade-população aponta um desafio: quem é Varginha? Se quisermos uma resposta
fiel à pergunta é preciso reconhecer sua complexidade. O que tem em comum uma
família varginhense do bairro São Geraldo com uma família do bairro Santana?
Qual é o principal cartão postal da cidade? Sua atividade econômica
predominante? A essência do turismo municipal? Sua principal influência
regional? O ponto forte da arte local? São perguntas que, mesmo aparentemente
simples, poderiam causar embaraço tanto a suposta família do bairro São Geraldo
quanto à do bairro Santana. Por quê?
Se olharmos a cronografia histórica de Varginha é fácil
identificar, sem dificuldades, que desde sempre a cidade se inclinou ao
crescimento. Sendo assim, é mister o questionamento: se o crescimento era
evidente porque não nos preparamos? Hoje temos desafios poderosos, muitos dos
quais não temos estrutura para enfrentar. É o caso do trânsito que atualmente
passa por readaptações. Uma questão envolvida com todas as anteriores, capaz de
ajudar a compreendê-las: existe uma cultura genuinamente varginhense? Qual é?
Varginha tem um estádio municipal compatível com grandes eventos, esportivos e
diversos, contudo não é utilizado em seu pleno potencial. Varginha contou com
um cinema que seria destaque em qualquer lugar do mundo, há muito está fechado.
Varginha tem um dos maiores parques florestais urbanos do país, fechado.
Varginha tem um contingente de praças considerável, muitas abandonadas. Existe
em Varginha uma concha acústica que acompanha o maior e mais belo conjunto de
praças centrais do sul de minas, pouco utilizada. Isso só para ficar no que
existe, pois se entrarmos nas obras não concluídas teríamos mais exemplos. Por
trás de obras monumentais e simbólicas uma característica comum da cultura
política da cidade: falta de planejamento integrado. Pensar que um estádio
envolve agremiações esportivas, associações comerciais, secretaria de turismo,
esporte, promoção social, educação, cultura e outras, pressupõe envolver um
conjunto de iniciativas capazes de mobilizar o orgulho e utilização coletiva do
bem público. Nesta lógica, a mesma fórmula se aplica aos outros exemplos.
Aí se descortina a arquitetura cultural fragmentada da
cidade que desconsiderou seu próprio crescimento e hoje se mostra estagnada em
um ponto intermediário entre um passado saudoso e um futuro desajustado. Não se
trata de promover uma caça às bruxas, apontando este ou aquele como responsável
pela condição de desinteresse coletivo observado na população. É hora de
pensarmos coletivamente a fim de explorar todas as possibilidades de afirmação
de uma cidade que almeja um futuro sustentável e de bem estar social. A vontade
coletiva, o senso de pertencimento, a efetiva participação está condicionada a
uma comunicação direta, sem discursos de palanque e falácias eleitoreiras.
Existe claramente uma demanda de se pensar a cidade através da própria cidade:
seus habitantes.
Quando você pensa em Varginha qual é a primeira imagem que
lhe surge na cabeça? Se a resposta lhe sugerir um problema, é porque precisamos
discutir soluções. É para estas soluções que precisamos de um debate aberto e
abrangente, envolvendo toda sociedade civil em seus múltiplos desdobramentos. O
Ecoetrix Parquescola está aberto ao diálogo e se posiciona pretensiosamente
como um centro sociocultural acessível e disposto a crescer com e para
Varginha, com e para as famílias do bairro São Geraldo e Santana, bem como
todas as famílias Varginhenses. Quem é Varginha? Precisamos descobrir.
Texto-Wender
Reis, 25 – Pedagogo do Ecoetrix Parquescola